O efeito capa de chuva

O efeito capa de chuva

Última atualização: 09 agosto, 2015

A permeabilidade é uma característica inata de todos nós. Nascemos como um papel em branco nas mãos de um escritor, predispostos a sermos preenchidos com palavras interessantes.

No momento em que escrevem em nosso papel e sentimos que essa tinta nos impregna, optamos, muitas vezes, por uma atitude imóvel que não permite apagar nem adicionar nada à nossa escrita, que não tenha a ver com o que já existe ali.

Nos esquecemos de que a sociedade evolui, muda e se torna interessante em cada uma de nossas experiências. É óbvio que a vida tem um caráter somativo; tudo o que vivemos faz parte da nossa “bagagem”, mas recorrer a isso para não permitir que possamos crescer, aprender e escutar, é um erro.

As emoções  são etéreas, têm a capacidade de entrar e sair de nós, independentemente da capa de chuva que colocamos para que não perturbem a nossa “calma”. Assim, tentamos não sofrer ou não deixar que os outros possam nos influenciar, como se o que somos não fosse, precisamente, fruto de muitos outros que passaram pela nossa vida quando ainda havia espaço para escrever em nosso papel. Agora nos tornamos impermeáveis a novas ideias.

Frequentemente minha  imaginação  me permite observar como algumas pessoas iniciam conversas, ambos com sua “capa de chuva” cobrindo suas ideias, não interessa o que dizem nem como dizem… ninguém vai se convencer de nada porque partem de uma atitude rígida e imóvel, muitas vezes nem mesmo escutam uns aos outros, só falam e pensam no que devem seguir dizendo.

Pode ser que seja medo de que “movam barreiras” que sempre foram imperturbáveis, ou que tratem de ocultar inseguranças, como quando um profissional se aproxima de alguém com o título de sua profissão, talvez por medo de não parecer tão capaz ou, mais triste ainda, por considerar que seu título lhe dê o poder de menosprezar as ideias daqueles que não são da sua área ou que não têm estudos, como se pensar estivesse limitado somente a aqueles que estudaram.

Quando essa hipótese vem à minha mente sinto tristeza. Lamento que não estejam predispostos a aprender com todas as situações em que se encontram e com todas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer na vida. Não importa se você não está de acordo com o que existe a sua frente, mas o que pensamos e sentimos deveria servir de filtro para questionarmos se o que chega de novo merece um espaço em nosso canto de ideias ou simplesmente deve ser evitado.

Tire a capa de chuva, seja permeável e deixe que seu critério decida o que merece ser assumido e o que não. Não opte por uma atitude rígida que limite sua mente e sua relação com os demais, pois se o seu objetivo é não sentir mal-estar, saiba que ele dificilmente será alcançado, pois as emoções são capazes de cruzar qualquer barreira.


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