As lágrimas que não chorei, a tristeza que não reconheci

As lágrimas que não chorei, a tristeza que não reconheci

Última atualização: 28 agosto, 2015

A contenção emocional é algo que todos nós já experimentamos com maior ou menor frequência. Ela é consequência da nossa educação. “Não chore, as pessoas fortes nunca mostram suas lágrimas”; isso é o que nos ensinam desde crianças.

Muitas vezes procuramos por um lugar solitário para chorar, onde possamos desabafar toda nossa dor e encontrar alívio para seguir em frente. Desabafar é saudável e necessário.

No entanto, não conseguimos nos livrar dessa contenção emocional, seja pela educação recebida ou pela própria personalidade. Os fracassos e as tristezas ficam escondidos atrás de um sorriso ou outras atividades que não nos permitem ouvir nossa voz interior.

A contenção emocional é o oposto da compreensão emocional. Alguém que se esconde não entende os labirintos da rede emocional que o define como pessoa; admitir as fraquezas também nos torna mais fortes. É o conhecimento frente a negação e a fraqueza.

A contenção emocional é um passo em direção ao abismo

Contenção emocional significa, literalmente, o ato de conter ou reprimir seus impulsos, instintos, paixões e sentimentos. É esconder algo em seu interior, não só dos olhos do mundo, mas também de si próprio. Qual a razão? Às vezes é muito difícil compreendê-la, mas os psicólogos falam de padrões educacionais, sociais, psicológicos e até mesmo biológicos.

O conhecimento mais útil e valioso que temos é o conhecimento emocional. Ele nos ajuda a compreender, ter proximidade e empatia com os demais e com nós mesmos.

lágrimas não choradas

Porque escolhemos conter as lágrimas?

1- Mecanismo de defesa

Se eu não reagir à sua traição e optar por seguir em frente o mais rápido possível, sem parar para pensar no que eu sinto, evito reconhecer que você me machucou e a minha dor será menor.

2- Estratégia de autoproteção

Se eu esconder minha tristeza e dor, evitarei parecer vítima aos olhos dos outros. Evidenciar minha dor emocional é mostrar-me vulnerável e perder o controle. Ninguém gosta de mostrar sua fragilidade.

3- Desconhecimento emocional

Pode parecer surpreendente, mas existem pessoas que nunca foram expostas ao sofrimento, fracasso ou decepções. Considere, por exemplo, muitos dos nossos jovens que foram educados em uma cultura onde todas as suas necessidades são satisfeitas. Isso traz uma baixa resistência à frustração. Se amanhã experimentarem uma perda ou fracasso sentimental, se sentirão oprimidos ou simplesmente “bloqueados” e vão optar pela negação ou contenção emocional.

As lágrimas não choradas hoje serão um vazio insondável amanhã. As tristezas não reconhecidas levam-nos lentamente para o abismo, no qual acabamos caindo na forma de doença ou trauma.

lágrimas não choradas

Qual é a forma mais adequada de lidar com a dor e a decepção?

Devemos tomar consciência de que a felicidade não vem com duração garantida. A aceitação do momento presente, com suas imperfeições e problemas, é uma maneira de viver com maior integridade e equilíbrio emocional, onde assumimos as tristezas como parte da vida e do nosso crescimento.

Muitas pessoas têm habilidade para separar nossa realidade interna da realidade externa. Deixamo-nos levar pelas atividades diárias, pelo trabalho, pela rotina, sem entender que somos apenas um “pedaço de nós mesmos”.

Qual é a razão? Estamos desconectados das nossas emoções e do nosso interior, mostrando um falso bem-estar. E quando surgem as enxaquecas, o cansaço, as dores no pescoço e nas costas, nos enchemos de analgésicos, sem perceber que são apenas sintomas.

Sintomas da infelicidade, das lágrimas não choradas e das tristezas não reconhecidas que agora nos fazem prisioneiros.

lágrimas não choradas

Nunca deixe para amanhã as lágrimas que você pode chorar hoje. Desabafe sua raiva, chore suas tristezas, analise e assuma seus erros. A compreensão emocional é uma forma de libertação que devemos praticar todos os dias.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.